Quarto.
Meu quarto, meu refúgio.
(Refúgio mal-cheiroso, que eu não fujo ao cliché do rapaz adolescente que cheira mal dos pés).
Declaro o caos: pedaços e excertos de livros, páginas, poemas espalhados pelas paredes.
Imagens dos meus deuses maiores, perpendiculares à cama. Páginas de revistas, pessoas a grunhir, mulheres que exclamam We Can Do It! e sons.
Sons que batem nas paredes, amadurecem no cérebro e saiem pelas mãos.
Deito-te. Rebolo. Dispo-me. Volto a vestir-me. Adormeço. Até amanhã refúgio mal-cheiroso.