Anónimo.
Sentei-me à frente de um senhor, no metro.
Não lhe sabia o nome, nem a idade, nem lhe sabia o número ou se é casado ou não.
E continuei sem saber.
Era alto, mesmo sentado. Era dono de uma envergadura digna de ser apelidada de avantajada. Tinha bigode e os olhos tremiam-lhe, meio lacrimejantes.
Batia com os polegares um no outro e esticava os beiços enquanto olhava para cima e para os lados, como se estivesse preocupado.
Gostava de lhe escrever mil e um, ou apenas um, destinos, mas não me sinto digno. Gostava de saber o que o afligia, mas não me sentiria capaz de o ajudar, porque eu não o mostro, mas lacrimejo tanto quanto ele.