Amor como nos filmes.
-Queres mesmo fazer isto? - perguntou-lhe ele, ao ouvido, enquanto lhe cheirava os cabelos que lhe acariciavam a cara, levemente.
Ela anuiu com a cabeça.
Beijou-lhe o pescoço, atrás da orelha esquerda, passou-lhe as mãos ao longo das curvas e começou a despi-la.
Não havia a sensualidade dos filmes de amor e suspense, nem sequer havia a experiência rotineira, mas havia algo que os acalmava, como se tivessem bebido, de um trago, um copo de whisky, para acalmar os nervos.
Tornaram-se um: ela gemeu e encolheu o corpo todo de uma vez, como se um calafrio, meio dor, meio prazer, lhe tivesse corrido o corpo todo, num formigueiro delicioso.
Ele sentia-se extraordinariamente bem. Bem consigo próprio, com o mundo, com aquela transparência de sentimentos e sensações, com a tamanha delicadeza do corpo dela, aquela pureza que ali estava a presenciar em primeira mão.
Aquele corpo começava nele e acabava nela.
Depois, ela adormeceu-lhe no peito, aí sim, como nos filmes.
Num acto de desespero, disse, em voz alta, para ele próprio:
-Os meus sonhos nunca se vão realizar.