#2
É começar o dia com o frio da manhã a contrastar com os primeiros raios de Sol.
É ser ofuscado por essa bola de fogo gigante que de vez em quando espreita por detrás dos pinheiros.
É os reflexos cor de jade que se formam nos vidros que trago na cara, que servem para ver melhor quem está longe.
É um cavalo branco e dourado, preso de solidão.
É o peso dos olhos.
As pessoas, os cheiros, as cores.
A sombra que é mão que escreve e me faz gigante nas pedras da estrada.
É o toque e o som das cordas. Os flagelos nos dedos, como se fosse um sacrifício que dá prazer, tocar nas cordas de aço a dedos nus.
É amar e saber que não se deve.
É ter de amar e saber que não se pode.
É ser neto, filho e irmão.
É a luz do Sol poente, que me faz olhar para Oeste e ter saudades.
Saudades de mim.
É ir para a cama e fazer amor com Deus.