Segunda-feira, 18.11.13

...

(Como a erva nova, tímida e reticente, nos rasgos de terra arada, se alevanta tão direita e tão certa, querendo chegar ao céu de uma vez só, tão verde e tão fresca e tão frágil; e como o orvalho lhe pesa e sem culpa de o fazer a verga, a luz fúlvia da manhã me tolhe, abraça-me e abafa-me com um luto estranho e aveludado e atrasa-me para a vida que não vejo nem posso ver. Quero demasiado para o pouco que sei. Atravesso tundras de gente todos os dias, fábulas de azar e um existir incómodo que me aborrece [e emburrece] de morte.
Não te entender é fazer amor contigo. Quero-te demasiado para o pouco que sei. Uma vontade primeva de beber da tua saliva e me esvaziar em estalos de pólvora dentro de ti. Como a tua língua me ilumina - 
Como um telefone a tocar que me desarruma por dentro, ou o fumo de um cigarro que me irrita os olhos ou um chamar pelo meu nome que me sobressalta - quando chamas pelo meu nome e me sobressaltas. Faz tanto tempo e não faz tempo nenhum e tenho-te tanta fome. Tanta, tanta, tanta, que me atrapalhas a fonética e me engasgas o que está certo. Um beijo, só.)

publicado por Gualter Ego às 23:29 | link do post | comentar

...

Quando ela arqueia as costas num gemido entre os lábios que morde até ao sangue e tudo o que é músculo contrai num espasmo de amor-mártir e as suas unhas lavram linhas de lume na minha lividez de porcelana quebrada e o seu pescoço treme de esforço como os joelhos se batem de descontrolo e as suas bochechas roseiam do prazer que vem como uma catástrofe, eu sinto que ganhei a vida e que tudo o que fiz me trouxe até ali sem pedir licença e que de nada mais preciso na vida e fecho os olhos e mergulho de novo para dentro dela.

publicado por Gualter Ego às 23:29 | link do post | comentar
origem

Follow me, e assim...

origem

links

arquivos

Novembro 2013

D
S
T
Q
Q
S
S
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30