A Primavera #? (Sara)
Sara,
Que é como se dissesse água,
Amo-te tanto que o próprio saber que me amas
(A mim, este vadio)
É a minha mais profunda mágoa.
Sara,
Que é como se dissesse água,
Amo-te tanto que o próprio saber que me amas
(A mim, este vadio)
É a minha mais profunda mágoa.
Na tua boca morre o Homem,
Ó Maria.
Na tua boca morre a Morte,
Ó Maria.
E nos teus olhos
Chove todo o mundo.
Em teu coração afogam-se as mágoas
Que não sabem nadar, ó Maria:
Músculo; escarlate; profundo.
Como o vento passa na eira,
Gentilmente, toca no gramado,
Sentar-me-ia em tua beira,
De mãos dadas, fiel, confessado.
Passa, Carolina,
Fresca e dançante,
Como uma andorinha,
À testeira do sol.
Passa, a menina,
De olhar flamejante,
Cheirosa e reguila,
Passa, por mim, Carolina,
Sim, Carolina, oioai.
Sim, Carolina, oai,
Meu bem.
Joana caminha para casa,
De braço cruzado,
Semblante apertado
E face sisuda.
Lábios cortados
Pela expressão triste e simpática
De quem não quer
Ir estudar matemática.
Afinca os olhos no chão
E não repara em mim.
Aceno, mas não se me dá em nada:
Não será por mal; fico-me assim.
E agora Joana,
De blusa cinzenta,
Pisa o asfalto das cores que inventa,
Caminha para casa,
De braço cruzado,
Paço acelerado,
Semblante apertado
E face sisuda.