cit.
Eu não me importo
Se eu não presto,
Eu tenho planos para lá de mim;
E tu és só o que eu te empresto.
- Foi No Teu Amor, Manel Cruz.
Eu não me importo
Se eu não presto,
Eu tenho planos para lá de mim;
E tu és só o que eu te empresto.
- Foi No Teu Amor, Manel Cruz.
Tropecei
E caí de dentes no chão.
E que alívio foi, depois de cair,
Assentar no chão.
Dali não passo,
Não há mais para onde ir.
Au.
Tentei debruçar-me sobre mim próprio,
Limar umas arestas,
Engomar uns vincos,
Ler-me como uma carta militar,
E depois reparei que tinha demasiado sono,
(E um ego obeso)
E deixei de me preocupar.
Tocaram os sinos da aldeia,
Debaixo de uma chuva forte,
Tocada a vento.
Pairava um cheiro a desalento.
Foram dois toques de defunto,
Defunto macho, pelo jeito do eco dos sinos
E todos os velhos homens da aldeia pensaram assim:
- Quem terá sido o filho da puta sortudo
que se foi antes de mim?
- Que insolência,
Aposto que morreu só para fazer pirraça,
Assim eu vou ao funeral dele,
E ele não vem ao meu.
Estava no café sentado, e bem acompanhado,
Quando me perguntaram se o que eu queria era descafeinado
E eu, ofendido, respondi:
- Antes a morte,
Que tal sorte!
Passam já vinte e três minutos
Das zero horas do vinte e nove de Maio
Deste ano infame e desembraiado
Chove
E nada mais se move.
C
h
o
v
e como quem a entorna,
A chuva das chuvas,
A ira das iras,
Este nosso deus tem incontinência,
Ora faça favor, vossa excelência.