Amor e justiça.
Todos fomos ou somos ou seremos pobres de amores, por mais ricos de coração que sejamos, porque, da justiça, seja ela de cárceres emparedados ou de grades adornadas de estilizados órgãos vitais e bombeantes de sangue (o cativo da cativa e a jaula que é o teu corpo e o amar-te), o pobre só conhece castigos.
Não sei que outras noções possamos tirar desta minha anterior afirmação, mas que a nódoa faz sempre questão de se cair na toalha mais branca.
Só há plenitude quando ela é constantemente renovada nesses teus olhares que me lanças, nas minhas mais esotéricas variações de humor e no saber que tudo é finito, até Deus.
A máxima perversidade das leis universais, está no teimoso caminhar para não-sei-eu-onde, em função de um traço na linha cronólogica dos sucessos sucessivos a que chamamos viver. Se estamos cá para morrer, por que raio nos havemos de dar ao desplante de, sequer, nascer?
Não há bela sem senão, e da justiça sabemos que é cega e anda de mãos dadas com o amor, que dizem também ser cego.
Todos os mistérios da vida se resumem a esta resposta curta: à justiça e ao amor foi-lhes arrancado os olhos aquando nascimento, e por isso cá andamos perdidos.