Salve.
Salve tu,
Cheia de tudo,
Bendita sois vós,
Entre as mulheres
E as gotas da chuva.
Bendita sejas,
Meu amor,
Meu leito de morte,
Lancinante grito mudo.
A ti me curvo.
Salve tu,
Cheia de tudo,
Bendita sois vós,
Entre as mulheres
E as gotas da chuva.
Bendita sejas,
Meu amor,
Meu leito de morte,
Lancinante grito mudo.
A ti me curvo.
Mexo um dedo. Agora, mexo o outro. Mexo-os porque quero, em príncipio, mas, obstante fados ou arbítrios, mexo, isso é certo. Mesmo o observador mais confuso, apanhado de repente nesta corrente imagética precoce, consegue ver que isto que se move, são os meus dedos dos pés. Mexo-os brincando com o pescoço da figura que está na televisão. São meus. São os meus dedos dos pés.
Isto é uma tesoura. Aquilo já não é um dedo do pé. É só um pedaço de carne avulsa e pertinente.
Não és minha carne, por isso nunca te poderei cortar para longe e fora de mim. Amo-te.