Morte, a mais bela das mulheres.
Se a Morte se matasse,
Antes de ter morto tudo o que respira,
O génio egoísta do homem não iria gostar da partida,
De lhe terem roubado o bilhete,
Só de ida,
Para a ilha perdida.
Mas quando matou
Tudo o que havia para matar
A Morte, então,
Deu por si a fumar
Por ser demasiado preguiçosa
Para se enforcar.
Ficou sozinha.
Nem uma mosca para esmagar.
Nunca mais o fedor quente
E absorvente,
Das tripas do homem mais descrente.
Nunca mais um último suspiro.
Nunca mais um par de últimas palavras,
Nada mais por cima dos sete palmos da última morada.
A Morte, por dentro, está morta,
Acabada.
Sentada à sombra do arvoredo,
Vai comendo, para passar o tempo,
Os trapos negros do seu manto,
Pode ser que o que está feito se desfaça,
Entretanto.
O humor incompreendido da Morte,
Se fez ver,
Quando foi o coveiro o primeiro a morrer.