Defunto.
Estou morto.
Frio e rijo, como um verdadeiro defunto deve estar.
Mas ainda respiro.
- Matei-a. - confessou ele, em voz alta.
E, no fundo, aquela sensação mórbida de matar um ser humano, causou-lhe um certo prazer.
Ainda consigo sentir a tua respiração, quente, ardente, o sabor dos teus lábios vermelhos, saborosos, as curvas, o teu corpo e o meu, juntos.
(O meu corpo fica bonito ao lado do teu.)
Fazes das madrugadas quentes, objecto do desejo.
Amo-te.
Estou a afogar-me na minha própria mente.
A afogar-me na melancolia, nas palavras, nos sons e nas imagens e não há nada, nada, que eu possa fazer para o impedir.
São as mágoas, que me afogam.
Acende-me como um cigarro,
Fuma-me até o fim.
Não tenhas misericórdia,
Já estou morto, queimado, consumido, assim.