A Saramago.
Esta noite, o mundo está mais frio, mais burro, mais triste, mais silencioso e mais pobre.
E eu choro, pelo mundo.
Mas não chores comigo, porque somos nós agora que temos de aquecer o mundo, iluminá-lo, alegrá-lo, revoltá-lo e enriquecê-lo.
E podemos, devemos e conseguiremos.
E, aí, escreveremos para quem nos lê, atrás das palavras Dele, numa mistura de vinho tinto, tabaco e sonhos, debaixo do céu estrelado das noites amenas de Junho.
Sonharemos; choraremos, aí, pelo mundo, pelo qual nos atrevíamos a chorar antes de o ter tocado.
Brindaremos: à alma, que me dói, ao engenho, à arte e a quem a cria. A nós, e aos nossos, àqueles que nos tocam, àqueles a quem tocamos, tocámos ou tocaremos.
Mesmo assim, tocamos mais às coisas que às pessoas, desejando tocar o transcendente e o sublime estado puro de bem-estar criativo, porque vemos com mais olhos, ouvimos com mais ouvidos, tacteamos com mais dedos e sentimos com mais coração.
Escutemos os gritos agoniados das madrugadas que não querem as multidões matinais, iluminemos-nos.