Uma história.
Amanheceu.
Já estava eu de pé, a aquecer água para fazer chá para o desjejum, acordaste tu.
Estávamos nos últimos dias de Março, os primeiros da Primavera, e o Sol brilhava nos teus cabelos doirados em todo o seu esplendor, porque, afinal, "ainda tem por onde arder".
Espreguiçaste-te, enrolada aos lençóis brancos que te tapavam o corpo até aos seios, mas descobriste-os e levantaste-te nua, como num acto de feminismo e/ou desinibição.
Olhaste para mim, sorriste e fizeste-te de envergonhada.
Tiraste um vinil da prateleira e puseste-o a girar. Baixaste a agulha e, enquanto começava a ecoar pela casa a voz do Plant, dirigiste-te a mim, nua, imaculada e pálida, como se um anjo fosses.
Beijaste-me os lábios e acariciaste-me a barba por fazer. Depois sussuraste: Amo-te tanto.