Um dia.
Um dia hei-de te cozinhar um jantar divinal.
E vamos comê-lo à luz das velas e os pedestais vão ser garrafas, porque eu sempre quis fazer isso.
E depois vai adormecer no meu peito e eu vou-te afagar o cabelo.
Um dia hei-de te cozinhar um jantar divinal.
E vamos comê-lo à luz das velas e os pedestais vão ser garrafas, porque eu sempre quis fazer isso.
E depois vai adormecer no meu peito e eu vou-te afagar o cabelo.
"Ninguém é quem queria ser. Eu queria ser ninguém."
Eu gosto de estar sozinho. Eu não gosto de estar só.
Sinto-te dentro de mim, mas eu nem sequer te conheço.
Nunca toquei as linhas da tua cara, mas quero deitar-me ao teu lado. Mas nada de sexo, como naqueles filmes.
Apenas quero dormir contigo, no mais inocente sentido da palavra.
E talvez, de manhã, acordaria melhor e mais fresco.
Mas enquanto isso não é possível, enquanto eu sou abominavelmente desinteressante e ela é abominavelmente maravilhosa, vou-me arrastando pelos corredores de casa, olhando-me, de soslaio, nos espelhos.
Hoje, aqui, é permitido fumar.
Hoje, aqui, é permitido sonhar e lembrar.
Cantar e dançar.
Gritar e escrever.
Beijar, cheirar, e não mais esquecer.
Hoje, aqui, vou viajar e viver.
Vou caminhar e correr.
Vou gemer e morrer.
Estou triste.
Talvez não saibas mas a vida é bela e a vida dos outros também.
Ao menos virgem não morro eu, que ela, a vida, bem que me fode.
Eu sorrio quando chove.
(E abro o guarda-chuva e vou pró meio da rua cantar a Singin' In The Rain, aos pulinhos.)
Sonho abstrato, és, piano.
Contrabaixo, és o surrealismo da vida real que cansa. O surrealismo que me faz cair para o Universo.
Jazz, és quem apaga as horas e tornas a monotonia do respirar sustentável e quase dispensável o próprio acto de respirar.
Vira-se a esferográfica contra os dedos.
"Estou de greve!" grita ela, mas a greve acaba hoje.
Grita, saxofone, grita! Geme, como quem te quer foder.
Grita mais, que me alimentas o espírito e me mexes os dedos.
Obrigado, Música, que me alimentas o espírito e me matas o jejum.