Resmas do passado.
Fico nervoso
Bolor.
Bolor.
Não sei para quem escrevo.
Não sei por que razão, assim tão entristecido, escrevo.
Sei como comecei, que foi como todos os outros começam: a escrever para raparigas.
E escrevi para raparigas.
E escrevi,
escrevi,
escrevi.
Quanto muito ganhei um punhado de promessas de amor e uns beijos molhados.
Agora escrevo para não gritar.
Escrevo para esconder a angústia e talvez alguma debilidade de alma.
Sei que das palavras que escrevo, nasce satisfação e motivação espiritual. Prazer em escrever, tenho-o pouco, mas chega para saber que quero continuar a fazer isto, mesmo que ninguém leia isto.
"Quem me ouve? Quem me vê?
A vida não me responde
e afinal ninguém me lê."
-Fernando Pinto do Amaral
Basicamente, sou um monte de massa disforme que pensa.
Tenho dois braços, duas pernas, dois olhos, uma boca, um nariz, duas orelhas, pestanas, cabelo, sobrancelhas, possuo genitália masculina e... tenho a capacidade de comunicar através de palavras.
Se as palavras fizessem de mim o que sou, o livro da minha vida ou a minha magnus opus estaria completamente em branco.
Eu existo. Existo porque penso, mas arrependo-me de pensar.
Quem foi a alma que se lembrou de me dar este poder, dom, talento de pensar?
Foi um sopro divino? É o Espírito Santo que desce em nós e faz com que os corpos sejam mais que isso e tenham alma?
Só espero que haja vida depois da morte. E que haja um paraíso de cada religião. E 72 virgens só para mim.
As minhas costas doiem-me.
Os meus olhos custam a manter-se abertos e o meu coração é insuficiente para me fazer viver com tranquilidade.
Que posso dizer mais?
Sou jovem, tenho sonhos, planos, ambições. Quero coisas, muitas coisas.
Coisas materiais, carnais, espirituais e quero respostas.
Respostas para perguntas que eu não sei fazer. Ainda.
Por que é que vida tem de ser de dia?
E se eu não quiser dormir de noite?
E se eu quiser morrer para não ter que ir dormir e viver um dia que por carga de água alguma irá ser melhor que o dia que passou.
Choveu bastante, mas não me lavou a cara, nem a carne, nem a alma.
Tenho saudades do dia,
Em que, criança ingénua, eu ia,
Comer pão com manteiga,
A casa da minha tia.
As baratas são a minha única companhia.
Há semanas que não vejo o sol. A minha pele está a ficar pálida e as olheiras chegam-me ao queixo.
As minhas unhas ferem-me a mão quando cerro o punho em dor.
"MÃE, EU QUERO MORRER!"
A televisão é uma fonte cultural inesgotável.
Sempre que alguém, na minha casa, liga uma televisão, vou para o meu quarto ler um livro.
Felizes são os que sonham e estão dispostos a pagar o preço de tornar os sonhos realidade.
Falta-me a coragem e falta desapegar-me das pessoas.