Nunca mais me perguntes as horas.
Nunca mais me adornes com sabedoria imune às conveniências sociais, a identidade de um espírito que não mora em mim e cujas leis eu não chego a decifrar.
Não escrevo para vos ajudar a fugir ou para vos iludir a um reecontro com o vosso interior.
Está um dia de nevoeiro e chuva, e dentro dele não se esconde tristeza e melancolia.
Estou de pijama e o pijama é azul. E em mim não se esconde o sono de uma noite mal dormida.
Na minha cara há sardas e borbulhas e nos meus actos há revolta, não são hormonas.
Há ali um candeeiro a dar luz e nele não se esconde todo um esplendor luminoso. Ajuda-me a ler, porque está escuro, mais nada. Basta eu carregar no interruptor e ele desliga-se.
Não falemos de música, se não eu começo a deitar fumo pelo nariz.
A minha guitarra deita sons aleatórios a que eu apelido de "barulho". Não tem sentido, não precisa de ter.
As músicas ocultam segredos que os seus autores são os menos indicados para os desvendar. E, muitas vezes, segredos não os há. Parem de inventar, não sou louco.
Infelizmente.
