Da sede e do amor.

Se há algo melhor que matar a sede, será o momento anterior ao momento em que se mata a sede, em que o lábio toca no copo e se pensa, sem se chegar a pensar "desta água vou matar a sede". Toda a energia que há à volta daquele limbo que é não estar bebendo e beber, exerce em si própria uma pungente e insopurtável força metafísica.

E é disto, de quase-beijos, de quase-olhares, de quase-toques, que deveria ser feito o amor.

O amor torna-se nada, quando há o toque. Todo o amor verdadeiro, é o amor dos sonetos, de Dante, Camões e Petrarca, ao longe, desconhecido, sonhador, silencioso: ou como diz o dicionário, platónico.

publicado por Gualter Ego às 00:06 | link do post | comentar