Verborreias.
Acabo de mijar e sacudo a pila. Sacode, sacode, sacode, mais que três vezes é punheta. E há sempre uma teimosa e irritante pinga de mijo que não se priva de apenas e só se soltar, em seu real louvor, no tecido da cueca. Regra universal, tanto quanto aquela de, sempre que for possível, o indivíduo em questão ter a fineza de mijar sempre a um urinol de distância do outro gajo que está a mijar. Se a pila fungasse, não precisava eu de a sacudir. Lavar as mãos? Tenho a pila limpa e a minha mãe sempre me ensinou a não mijar para as mãos. Tenho é de treinar a pontaria, e desconfio que não sou o único, ando farto de limpar o mijo dos outros do tampo da sanita quando me dão as cólicas matinais de uma mistura continental de café com borras e leite e preciso de ir cagar. Bom dia.
Ando comigo próprio pela mão, arrastando a carne, enchendo as roupas e voltando os olhos, mirando de soslaio àquele eu que me puxa sem dó nem ponta de misericórdia.
7:20, despertador. Não é às sete, nem às sete e meia, é às sete e vinte. Sinto-me um filho da puta de um colarinho branco.
Todo o dia é um correrio de vãos de escada impestados de gordura, esporra e sabe-se lá mais o que é que esta gente traz nas mãos. A vida é que não é, de certeza. Todo o dia é o déjà vu de um déjà vu, a repetição dos mesmos fotogramas: o mesmo filme de domingo á tarde, as mesmas caras, os mesmos cheiros, a ração de cada dia nos dai hoje, e hoje, e hoje. E o hoje é o aborto do ontem. E o amanhã é o pessimismo insustentável do hoje.
Sou o filho bastardo que Deus teve com o Diabo. E todos vós, sóis, sem querer ofender vossas muy prestáveis mentes brilhante, filhos bastardos de uma punheta que ficou a meio.