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Tal na rua que começa,
Não saberás tu se é ali que ela acaba,
Se será o asfalto ou a calçada,
Tu ou a luz dos candeeiros,
Será a Lua, será a madrugada.
Dá a volta o tempo,
Meia-volta nas voltas das revoltas
Dos corpos e dos suores.
Tal será o nevoeiro,
Tal será a corpo inteiro,
Tal será a chuva que te aquece,
Ou o coração que me esquece,
Seja vinho, ou seja água,
Sejas tu,
Ou um qualquer saco de carne que me beije.
Seja o pão divino da carne sagrada,
Morra o fundo da garrafa,
Se é o nevoeiro que te agrada.
Turvem-se seios e leitos,
Calem-se bocas e proveitos,
Exalte-se o corpo e a estrada,
Se houver por caminhar,
Haverá sempre, dizem os optimistas,
E se o escuro se instalar?
Terei má sorte e mau-olhado,
Cairei de cara no chão molhado,
Mas tornarei a levantar,
As saudades engarrafadas,
E as paixões desenroladas,
Na ponta de um isqueiro,
Será assim, um ano inteiro,
Até que se chegue ao fim da rua.
Viremos nós,
Amável esquina,
Viremos nós,
O choro, a mágoa e as palavras,
Em riso, amor e cantigas à guitarra.
Fomos nós quem terminou,
Em determinar o acabar,
Eu acho que não te sei amar.