O teu corpo é uma jaula.

E, de repente, nós.

Em tudo o que posso, sou e mostro, vejo-me em ti, espelhado, brilhando, preso na pureza dos teus olhos, de braços caídos e alma esbatida, apático todavia, com um leão enjaulado. Enjaulado como eu, em ti. Não foram precisas correntes ou algemas, para me prenderes em ti, a ti. Amar é estar preso e gostar de assim estar.

Esse teu corpo que me mata as sedes mais mórbidas e sombrias, que me faz passar em branco as noites frias, pintando-te a caneta, em papel, que me faz desesperar por mais um pedaço de ti, contorcendo-me na cama, transformando a fronha da almofada em réplica da carne humana, é uma jaula.

Amor, insanidade: o teu corpo é uma jaula.

publicado por Gualter Ego às 01:02 | link do post