Fado.
Trago, pela mão,
Todas as dores do mundo,
Viradas para dentro de mim.
Trago, ao pescoço,
O pendente que me deste,
Sentimento agudo que se arrepende,
Querer e não poder agreste
E ventoso,
Nas horas de mais negra tentação.
É este meu nome,
Chuva.
É esta a minha sina,
A febre de me curvar,
Perecer, debaixo do peso de todas as vidas
Que não vivi.
Ouvir os ossos ranger,
Ouvir o coração dizer que nunca,
Sequer,
Alguma vez, sorri.
Isto são só noções de desespero,
Amor, ódio e saudade.
Deixai-vos ficar calados,
Que o fado não se aplaude.