Doido que é doido,
Não sabe que é doido.
Aurora não sabe o que aurora será,
Para os homens.
E esta aurora branca,
Âmbar de reflexos,
Chilrear de pertinente passaredo,
É o começo e o término de um desenterro.
Não é tarde, nem é cedo,
Homem que é doido não tem medo;
Tenho a minha loucura na ponta da língua,
Na ponta de dedo.
Tenho a loucura trancada na escuridão
Que foge pelo buraco da fechadura do meu quarto,
Toda a doidice que acarto.
É doidice escura,
Da noite que se arrasta no meu lençol.
Lençol, nicotina, etanol,
Desejo, orgasmo e espera,
Quem sou, não sei, não era,
Ou éramos dois, menos que três,
Seguramente,
Suor a fervilhar na carne quente,
Certamente.
E veio a força do que é meu,
Junte-se a força do que ainda é teu,
O nosso amor, meu amor,
Teu amor, morreu.