A bola.
Faltam-lhe os dois dentes da frente,
Rapazote baixinho que ainda não é gente,
Vai dando pontapés na bola,
E tal bola é o seu mundo.
Empoeirado, suado e imundo,
Corre, rua abaixo, rua acima.
E a bola foge, prende-se num ramo de laranjeira,
Que puta de sorte,
E agora?, não há bola...!
Dá a pasmaceira,
Fitam os ramos à testeira de sol.
Passa menina de saia,
Nem um olá.
Atiram-se pedras, pedregulhos e calhaus,
Amandam-se paus; nada.
- Talvez quando chover a bola caia.