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Agora a moda da ortografia sem cê, agora a moda de ser melhor o que é exclusivo. Gostava que de uma vez nos deixássemos todos de merdas, deixar as metáforas escarradas e as rimas de paixão com coração e deixar de escrever pénis e vagina e ânus - é um caralho, uma cona e um cu - e parar com isso da condescendência que, quem sou eu para duvidar de tão altaneiro queixo e veemente destreza mental, no fundo é só um pedaço de altruísmo alheio, uma dose semanal, talvez mensal, em época de contenção a fidalguia também sabe poupar e até o bolso dos burgueses às vezes encontra fundo, dizia eu uma dose mensal de bondade, caridade, solidariedade, é o que o mundo precisa, já que não há igualdade, que os ricos se sintam culpados da riqueza e caguem umas moedas para a pobretagem.

Este mártir que vos fala já nem forças tem para abrir a boca. Acham vocês por culpa do hálito a cadáver ou dos dentes entortados; nada disso. É que anda tudo demasiado ocupado a falar o dobro só com a boca singular que tem, que a escutar de uma só maneira o que devia ser ouvido por dois ou três.

Deixem-se de merdas. Deixem-se de merdas.

publicado por Gualter Ego às 20:54 | link do post | comentar